sexta-feira, 20 de maio de 2011

Só de Sacanagem









Ana Carolina 
Composição : Elisa Lucinda


Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta à prova?
Por quantas provas terá ela que passar?
Tudo isso que está aí no ar: malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu dinheiro, do nosso dinheiro que reservamos duramente pra educar os meninos mais pobres que nós, pra cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais.
Esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.
Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?
Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem pra aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.
Meu coração tá no escuro.
A luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam:
" - Não roubarás!"
" - Devolva o lápis do coleguinha!"
" - Esse apontador não é seu, minha filha!"
Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar. Até habeas-corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar, e sobre o qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará.



Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda eu vou ficar. Só de sacanagem!
Dirão:
" - Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo o mundo rouba."
E eu vou dizer:
"- Não importa! Será esse o meu carnaval. Vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos. Vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau."
Dirão:
" - É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal".
E eu direi:
" - Não admito! Minha esperança é imortal!"
E eu repito, ouviram?
IMORTAL!!!
Sei que não dá pra mudar o começo, mas, se a gente quiser, vai dar pra mudar o final.

sábado, 14 de maio de 2011

Vocabulário feminino





Se eu tivesse que escolher uma palavra - apenas uma - para ser item  obrigatório no vocabulário da mulher de hoje, essa palavra seria um verbo de quatro sílabas: descomplicar. Depois de infinitas (e imensas) conquistas, acho que está passando da hora de aprendermos a viver com mais leveza: exigir menos dos outros e de nós próprias, cobrar menos,  reclamar menos, carregar menos culpa, olhar menos para o espelho. Descomplicar talvez seja o atalho mais seguro para chegarmos à tão falada qualidade de vida que queremos - e merecemos - ter.

  Mas há outras palavras que não podem faltar no kit existencial da mulher moderna. Amizade, por exemplo. Acostumadas a concentrar nossos sentimentos (e nossa energia...) nas relações amorosas, acabamos deixando as amigas em segundo plano. E nada, mas nada mesmo, faz tão bem para uma mulher quanto a convivência com as amigas. Ir ao cinema com
elas (que gostam dos mesmos filmes que a gente), sair sem ter hora para voltar, compartilhar uma caipivodca de morango e repetir as histórias que já nos contamos mil vezes - isso, sim, faz bem para a pele. Para a alma, então, nem se fala. Ao menos uma vez por mês, deixe o marido ou o namorado em casa, prometa-se que não vai ligar para ele nem uma vez (desligue o celular, se for preciso) e desfrute os prazeres que só uma boa amizade consegue proporcionar.

  E, já que falamos em desligar o celular, incorpore ao seu vocabulário duas palavras que têm estado ausentes do cotidiano feminino: pausa e silêncio. Aprenda a parar, nem que seja por cinco minutos, três vezes por semana, duas vezes por mês, ou uma vez por dia - não importa - e a ficar em silêncio. Essas pausas silenciosas nos permitem refletir, contar até 100 antes de uma decisão importante, entender melhor os próprios sentimentos, reencontrar a serenidade e o equilíbrio quando é preciso.

  Também abra espaço, no vocabulário e no cotidiano, para o verbo rir. Não há creme anti-idade nem botox que salve a expressão de uma mulher mal-humorada. Azedume e amargura são palavras que devem ser banidas do nosso dia a dia. Se for preciso, pegue uma comédia na locadora, preste atenção na conversa de duas crianças, marque um encontro com aquela amiga engraçada - faça qualquer coisa, mas ria. O riso nos salva de nós mesmas, cura nossas angústias e nos reconcilia com a vida.

  Quanto à palavra dieta, cuidado: mulheres que falam em regime o tempo todo costumam ser péssimas companhias. Deixe para discutir carboidratos e afins no banheiro feminino ou no consultório do endocrinologista. Nas mesas de restaurantes, nem pensar. Se for para ficar contando calorias, descrevendo a própria culpa e olhando para a sobremesa do companheiro de mesa com reprovação e inveja, melhor ficar em casa e desfrutar sua salada de alface e seu chá verde sozinha.

  Uma sugestão? Tente trocar a obsessão pela dieta por outra palavra que, essa sim, deveria guiar nossos atos 24 horas por dia: gentileza. Ter classe não é usar roupas de grife: é ser delicada. Saber se comportar é infinitamente mais importante do que saber se vestir. Resgate aquele velho exercício que anda esquecido: aprenda a se colocar no lugar do outro, e trate-o como você gostaria de ser tratada, seja no trânsito, na fila do banco, na empresa onde trabalha, em casa, no supermercado, na academia.

  E, para encerrar, não deixe de conjugar dois verbos que deveriam ser indissociáveis da vida: sonhar e recomeçar. Sonhe com aquela viagem ao exterior, aquele fim de semana na praia, o curso que você ainda vai fazer, a promoção que vai conquistar um dia, aquele homem que um dia (quem sabe?) ainda vai ser seu, sonhe que está beijando o Richard Gere... sonhar é quase fazer acontecer. Sonhe até que aconteça. E recomece, sempre que for preciso: seja na carreira, na vida amorosa, nos relacionamentos familiares. A vida nos dá um espaço de manobra: use-o para reinventar a si mesma.

  E, por último (agora, sim, encerrando), risque do seu Aurélio a palavra perfeição. O dicionário das mulheres interessantes inclui fragilidades, inseguranças, limites. Pare de brigar com você mesma para ser a mãe perfeita, a dona de casa impecável, a profissional que sabe tudo, a esposa nota mil. Acima de tudo, elimine de sua vida o desgaste que é tentar ter coxas sem celulite, rosto sem rugas, cabelos que não arrepiam, bumbum que encara qualquer biquíni. Mulheres reais são mulheres imperfeitas. E mulheres que se aceitam como imperfeitas são mulheres livres. Viver não é (e nunca foi) fácil, mas, quando se elimina o excesso de peso da bagagem (e a busca da perfeição pesa toneladas), a tão sonhada felicidade fica muito mais possível.
 


  Leila Ferreira

segunda-feira, 2 de maio de 2011



Lembro que eu tinha apenas 15 anos
Tinha tantos medos e planos
E quase que inimigo nenhum
Lembro dos teus olhos vivos e castanhos
E eu achava tão estranho
Nosso jeito tão comum...
Meus amigos onde estão?
Cadê as rodas de violão?


Na cantina da escola,
Brincando de passar a bola,
Matando aula de religião
Podem levar, meu nome
Podem levar as canções que eu fiz
Mas ninguém vai levar de mim
A chance de acreditar
Que o bom da vida é a gente ser feliz
Podem levar, meu nome
Podem levar as canções que eu fiz
Mas ninguém vai levar de mim
A chance de recomeçar
De ensinar ao mundo
A ser aprendiz....

Vez ou outra fica assim, meio cinza. :/






Alguns dias amanhecem meio cinza para alguns.
Para mim esta manha de 01 de maio de 2011 é uma delas.
Tudo me faz questionar.      
Quantas máscaras ainda estão por cair até que a essência liberte-se?
Muitos super esforços ainda estão por vir.
E em dias como esse em que paro para refletir sobre isso, isso de mascara, ego, falsa personalidade, etc, etc, etc.
Lembro-me imediatamente de quando convivia aparentemente feliz com todos eles.
De quando não sabia a importância da auto-observação, meditação, reflexão, compreensão...
Lembrar que antes a ausência das pessoas me deixava triste, e saber que hoje a presença de algumas delas me incomoda...
Sei que o problema não esta nas  pessoas, não neste caso e sim comigo.
A única ausência que me deixa triste hoje é a de “mim mesma".
Saudade  daquilo que nunca tive na verdade,       
Saudade de sentar sob a  sombra de uma árvore, sentir aquela fresca e paz que não encontramos em nenhum outro lugar.
Saudade de ir a um riacho e ouvir os pássaros cantando ali por perto, rir com a pureza e inocência de uma criança e não pensar em nada, apenas sentir a tranqüilidade e harmonia da natureza.



Não sei se é bem saudade ou vontade, momentos como este confundem-se os sentimentos e nada sei além da dor que aperta o peito e faz chorar por saber que por maior que seja  a vontade, a saudade, eu "nunca" vou poder sentir tudo de tal forma.

Como poderei sentir a pureza de uma criança se o mundo que me rodeia inclusive família, "amigos" tende a prender-me nesse mundo egoico?

Sei que o caminho depende de mim, que tenho que transformar compreender, eliminar, dentre tantas outras coisas.
Sei que é individual e que tudo faz parte do caminho, basta saber  "ver”.
" Eis ai o teu caminho: Reflexão, dor , sofrimento..."
 Saber disso tudo é simples.
Mas seguir é muito duro, "abandonar" tudo que fora vivido até agora, ter disciplina, paciência.
Não torna-se fácil nem sabendo que é a única  saída.

Sinto-me fraca agora.
Sei que devo seguir, não posso parar.

Porque parar de praticar o bem de lutar pelo bem, se os que praticam e lutam pelo mal não descansam um segundo se quer?



Só preciso encontrar forças para seguir.
e assim vou vivendo, tentando compreender para então aceitar as verdades da vida!